por Douglas Weege
Você tem o direito de ficar calado!
A frase que intitula o que se segue é bem conhecida.
Trata-se da leitura dos direitos que um policial americano faz ao prender
determinado indivíduo. Pois bem, não quero falar de policial, bandido ou
prisão, ainda que muitas coisas em relação ao dito e não dito podem ser
tomados, de fato, como casos de polícia. A abordagem aqui, sobre esse
direito, é outra.
Ninguém é obrigado a saber sobre tudo. Ninguém, realmente,
sabe sobre tudo. Por que então todos, de modo geral, sentem a extrema
necessidade de expor sua opinião sobre tudo, sendo que não sabe sobre tudo? E
mais do que isso. Por que desejam que os outros aceitem sua opinião como a
maior sapiência sobre o determinado assunto? Ora, tal indivíduo não sabe que
tem o direito de ficar calado? Não, não sabe.
Existem “meliantes” que tem extrema necessidade de aparecer,
alimentar seu ego, elevar sua autoestima, não deixar esvair seu status ou mostrar sua
fraqueza. “Todos” carecem e querem reconhecimento. Este que aqui escreve não é
diferente. Seu interior é bandido, seu inconsciente é inimigo. “Ninguém” escapa
da tentação diária de se mostrar conhecedor, expert, em determinado assunto. Bem, essa tentação e, mais do que
isso, quem cede a essa tentação tem uma vida um tanto pesada, um tanto
impensada, pois desconhece ou não experimenta o direito de permanecer calado.
Ficar calado em relação ao não conhecido faz bem a alma,
traz paz ao coração e, fundamentalmente, impede uma aberração. Aberração de
pensamento e de opinião. O não dito é sempre preventivo enquanto o dito pelo
dito é sempre uma possibilidade de transgressão. Transgressão? Sim! Dizer algo
pelo dizer, pelo aparecer, pelo ego transgride o bom senso, o respeito e a
fidelidade ao conhecimento.
Não conhecer não é pecado. Pecado é dizer o que não conhece.
Você tem o direito de ficar calado. Aproveite!
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