8 de março de 2014

Você tem o direito de ficar calado!


por Douglas Weege

Você tem o direito de ficar calado!

A frase que intitula o que se segue é bem conhecida. Trata-se da leitura dos direitos que um policial americano faz ao prender determinado indivíduo. Pois bem, não quero falar de policial, bandido ou prisão, ainda que muitas coisas em relação ao dito e não dito podem ser tomados, de fato, como casos de polícia. A abordagem aqui, sobre esse direito, é outra.

Ninguém é obrigado a saber sobre tudo. Ninguém, realmente, sabe sobre tudo. Por que então todos, de modo geral, sentem a extrema necessidade de expor sua opinião sobre tudo, sendo que não sabe sobre tudo? E mais do que isso. Por que desejam que os outros aceitem sua opinião como a maior sapiência sobre o determinado assunto? Ora, tal indivíduo não sabe que tem o direito de ficar calado? Não, não sabe.

Existem “meliantes” que tem extrema necessidade de aparecer, alimentar seu ego, elevar sua autoestima, não deixar esvair seu status ou mostrar sua fraqueza. “Todos” carecem e querem reconhecimento. Este que aqui escreve não é diferente. Seu interior é bandido, seu inconsciente é inimigo. “Ninguém” escapa da tentação diária de se mostrar conhecedor, expert, em determinado assunto. Bem, essa tentação e, mais do que isso, quem cede a essa tentação tem uma vida um tanto pesada, um tanto impensada, pois desconhece ou não experimenta o direito de permanecer calado.

Ficar calado em relação ao não conhecido faz bem a alma, traz paz ao coração e, fundamentalmente, impede uma aberração. Aberração de pensamento e de opinião. O não dito é sempre preventivo enquanto o dito pelo dito é sempre uma possibilidade de transgressão. Transgressão? Sim! Dizer algo pelo dizer, pelo aparecer, pelo ego transgride o bom senso, o respeito e a fidelidade ao conhecimento.

Não conhecer não é pecado. Pecado é dizer o que não conhece.

Você tem o direito de ficar calado. Aproveite!

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