10 de janeiro de 2012

Da Utilidade


Como primeiro texto deste ano que se inicia proponho a reflexão com respeito a algo que vive e convive conosco, isto é, Da Utilidade de nossas ações. Uma de minhas viagens (entenda no sentido figurado - óbvio) foi publicada no site www.irmaos.com a alguns meses atrás. Uma das pessoas comentou o texto de forma cordial, porém percebi claramente a insatisfação. Este desejo não realizado se deu pelo fato daquela pessoa, de forma particular, não encontrar nem entre as linhas do texto respostas para, provavelmente, algo que procurava. Acabou definindo aquilo que escrevi como uma "filosofia de vida" em contraposição ao que buscava, isto é, uma "teologia de vida". De fato, não compreendi propriamente a não compreensão daquele simpático leitor. Ainda aguardo pela diferenciação dessas expressões que o amigo mencionou. Pois bem, por quê cito isto neste contexto?


Já ouvi duas opiniões fundamentais com relação ao motivo pelo qual escrevemos. Perguntamos: Para quê e por quê escrever diante de um mundo alienado? Que diferença faz? Existem aqueles que defendem fervorosamente a tese de que escrevemos para nós mesmos, não importa os outros, pois trata-se de nossos próprios pensamentos, de nossas próprias descobertas e, por fim, de um exercício intelectual para minha própria pessoa. Entretanto, outros defendem que devemos, sim, escrever para o mundo, com intuito de informá-lo e, quiça, transformá-lo. Bem, penso, e posso estar errado, que devemos escrever para nós e para o mundo que nos rodeia. Aprendo com meus parágrafos e também ensino com eles. Mas poderia não aprender nada e muito menos ensinar, sendo assim, para que escrever? Que utilidade tem esta ação? E, de forma geral, que força exerce a utilidade sobre nossas ações?

Tratando-se da situação que mencionei no primeiro parágrafo poderia dizer que aquele texto que escrevi foi útil e inútil, não simultaneamente, mas com base em minha motivação. Se tivesse por pretensão no texto responder e satisfazer a todas as dúvidas daqueles que leram o texto provavelmente nem o teria escrito, se a força que em mim exercesse antes de qualquer palavra escrita fosse a utilidade que emana e se corrompe para o utilitarismo. A questão propriamente da utilidade não tem haver apenas com o emissor, mas também com o receptor. Todos de alguma forma estão sujeitos a este vício. Nossas ações são impulsionadas por uma força tal que o resultado a que chegamos é ou de uma atitude forte ou de uma atitude fraca. Chamo forte a ação não impulsionada por uma força que vou nomear "útil para mim". Chamo fraca a ação não impulsionada por uma força que denomino "útil para os outros". Sendo assim, quando minha ação é útil meramente a minha pessoa denominamos tal atitude como fraca e inconsistente a uma "boa ação". Quando minha ação é útil a outras pessoas denominamos tal atitude como forte e consistente a uma "boa ação".

Da Utilidade, é possível compreender que é "boa" ou "má" dependendo do modo como é empregada. Vale ressaltar que uma atitude forte, boa e útil para os outros, pode ser prejudicial para o indivíduo que atua, porém, nem sempre. O contrário também ocorre, isto é, uma atitude fraca, má e útil para mim, pode ser prejudicial aos outros. Finalmente é importante mencionar que em qualquer contexto que seja deveríamos agir plenamente. Uma atitude forte é boa. Uma ação fraca nem tanto. Porém, uma atitude plena deve ser o nosso anseio.Tal atitude é boa em si mesma, pois é útil para mim e para os outros. A força que impulsiona a ação neste caso podemos chamar, de forma extremamente intuitiva, "útil para todos". 

Finalmente, podemos chegar a um consenso em que a utilidade em nossas ações pode ser moldada por uma força "útil para todos" e, desta maneira, tornar nossas atitudes plenas. Desta maneira, ao escrever, ler ou qualquer outra ação que viemos a tomar procuremos ser impulsionados por esta força. Enfim, digamos não a utilidade exacerbada do utilitarismo de nosso século.

ABS.

por: Douglas Weege

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