25 de março de 2015

Eu confesso!



Existem momentos que o melhor que pode ser feito é se calar. Mas dizem que quem cala consente. Discordo. Há situações específicas em que o silêncio não pode ser confundido com consentimento. Mais do que isso. Existem circunstâncias em que o silêncio é um grito revolucionário contra tudo isso que está aí. Confesso que no atual momento político, diante de tanta argumentação forçosa, descabida e parcial em prol deste ou daquele partido, é preferível se calar.

Sim, eu confesso!

Confesso que sou pessimista quanto ao ser humano. Não no sentido de uma resignação fatalista. Mas pessimista quanto certa evolução humana ou, se preferir, do espírito humano. Com isso, não generalizo a ponto de não conceber qualquer progresso da pessoa humana como pessoa. Apenas indico que quantitativamente essa tão utópica evolução é pífia, quase invisível, extremamente difícil de notar.

Esta cruel realidade não cativa ninguém ao diálogo. É bom que se diga que isso independe de credo, classe social e título acadêmico. A argumentação forçosa, descabida e parcial em prol deste ou daquele partido não é apenas de gente com crença conservadora ou liberal. Não é apenas de gente pobre ou rica. Não é apenas de gente com o primário ou doutorado. Essa argumentação inconsistente parte de todo tipo de gente. 

A parcialidade manifesta-se toda vez que um chama outro de coxinha ou de petralha. Sabe-se, atualmente, os sentidos que esses termos carregam. Entretanto, nem um nem outro se dão conta que esse tipo de classificação apenas impede o diálogo, reforça a intolerância e, quem sabe, desenvolve o ódio ainda mais. Nesses dois grupos encaixam-se todo tipo de gente, todo tipo de credo e todo tipo de classe social. Mas alguns insistem em generalizar afirmando que não é bem assim. Que os pobres são de A e os ricos de B. Que os intelectuais e/ou os que pensam estão com A e não com B. Que o nordeste fica com A e o sul com B. Não, não se pode generalizar, uma vez que esse não é um caso necessário, mas contingente. Fato é, que todo tipo de gente diz tudo quanto se pode imaginar. Seja de modo bonito ou feio, todos dizem e veem aquilo que lhe convém.

Por isso, eu confesso: estou cansado dessa gente.

Cansado de quem não olha para o cenário político com imparcialidade e seriedade.

Cansado de quem preocupa-se em criar mil teorias para defender a todo custo seu partido.

Cansado de quem não está nem aí para a educação, saúde, segurança, etc.

Cansado de quem não se cansa de acusar.

Cansado de quem não se cansa de se justificar.

Cansado de quem não se cansa de falar, falar, falar e nada fazer.

Um comentário:

  1. Será que existe raiva justa? Ou só há raiva? Não há boa influência ou má influência, só há influência; mas, quando você está influenciado por algo que não me agrada, chamo isso de má influência. No momento em que você protege sua família, seu país, um pano colorido chamado bandeira, uma crença, uma ideia, um dogma, a coisa que você exige ou possui, essa mesma proteção indica raiva. Então, será que você pode olhar para a raiva sem nenhuma explicação ou justificação, sem dizer: “Preciso proteger os meus bens”, ou “Eu estava certo em ficar com raiva”, ou “Como fui estúpido em ficar com raiva”? Você consegue olhar para a raiva como se ela fosse algo em si mesma? Consegue olhar com completa objetividade, o que significa sem a defender nem a condenar? - Krishnamurti, Freedom from the Known, p 52

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