Meramente Criaturas

É difícil assumir o que somos realmente. Até quando assumimos não assumimos. Mascaramos uma certa "humildade" em reconhecer o que somos quando simultaneamente não estamos reconhecendo.

Meramente criaturas!

Se tivéssemos, de fato, consciência da criatura que somos falaríamos menos. Perguntaríamos menos. Escreveríamos menos. Por quê? Porque não há razão para falar, mas sim, para ouvir. Não há razão para perguntar, mas sim, ser questionado. Não há razão para escrever, mas sim, para ler o que a vida escreve.

Criaturas esquisitas, assim como nós, devem valorizar a audição, pois ela gera de forma incomparável uma metamorfose integral. Ouvir não o que queremos, mas o que precisamos nos leva a uma vasta compreensão de que há sentido no silêncio, há sentido na solidão e há sentido, até mesmo, na escuridão. No silêncio aprendemos a ouvir a nós mesmos. Na solidão percebemos que não estamos tão sozinhos. E, na escuridão, percebemos que brilha uma luz ainda mais forte.

Criaturas esquisitas, assim como nós, devem valorizar o ser questionado, pois é assim que encontramos respostas para muitas questões. Tais respostas se não estão em nós, por muitas das vezes está em quem é infinitamente maior do que nós. Questões respondidas são questões resolvidas e, obviamente, respostas aceitas.

Criaturas esquisitas, assim como nós, devem valorizar a leitura, pois ela nos permite estar informado. Ler não é (apenas) fitar os olhos em uma frase, em um verso ou em um livro, mas também, ler aquilo que acontece a sua volta. Nos informamos sobre o mundo, sobre a vida e, principalmente, sobre quem somos.

Somos meramente criaturas!

Não sabemos falar, por isso devemos ouvir;

Não sabemos perguntar, por isso devemos responder;

Não sabemos escrever, por isso devemos ler.

Sejamos mais do que meramente criaturas!!! Aprendamos a ouvir, a responder e a ler...

por: Douglas Weege