19 de julho de 2010

A Lógica da Vida



por Douglas Weege

Há uma disciplina presente nos cursos de filosofia que me chamou atenção desde o primeiro contato com a mesma. Trata-se da Lógica. Segundo o Professor Doutor Décio Krause da Universidade Federal de Santa Catarina, renomado pesquisador na área de Lógica tanto no Brasil como no Exterior, “a palavra Lógica designa hoje uma vasta área do conhecimento, com implicações em praticamente todos os domínios da investigação. Da antiga disciplina que estudava "o raciocínio correto", ou as "formas válidas de inferência (ou de raciocínio)", a lógica transformou-se em uma disciplina que alcançou resultados que, em termos de complexidade e profundidade, nada ficam devendo aos maiores resultados da matemática”. A Lógica é, portanto, uma disciplina de características matemáticas.

Nesse sentido, é possível notar que, atualmente, estamos defronte uma série de lógicas. Isso é fácil de perceber quando olhamos para as teorias científicas. Para Karl Popper, devemos submeter as teorias científicas à prova dos fatos através de deduções lógicas (...) Ora, com pouco estudo neste campo é possível entender que as teorias são modelos pelos quais a “realidade” pode ser compreendida, ou seja, a teoria nunca é uma expressão perfeita da “realidade”. Dito isto, enfatizo aqui que no campo científico escolhe-se a lógica em detrimento de uma teoria e vice-versa.

Por isso, me aproximo muito dos princípios da lógica clássica, que tem por um dos seus principais pensadores Aristóteles, pois existe na lógica clássica um princípio fundamental a que quero me deter, isto é, o princípio da não-contradição. Segundo este princípio, uma proposição não pode em hipótese alguma ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo. Vamos entender melhor.

Se alguém diz: “João é brasileiro” e outrem pergunta: é verdade? Qual será nossa resposta? Ora, responderemos de acordo com o conhecimento que tivermos a respeito de João. Se tivermos a informação de onde João nasceu e se este local for uma cidade brasileira diremos que a frase e/ou afirmação é verdadeira. Não existe a possibilidade, segundo a lógica clássica, de dizermos para uma frase como esta que ela é verdadeira e também é falsa. Pode haver um caso de indeterminação, mas não nos deteremos aqui, quem sabe em outra oportunidade.

O princípio da não-contradição, lei da lógica clássica, é de fato um fundamento para além de discernir sobre a veracidade e falsidade das frases e proposições como as acima exemplificadas. É Óbvio que a Lógica Clássica lida com proposições bem mais complexas.

Existem lógicas que aceitam, sem qualquer problema, premissas contraditórias, mas, particularmente falando, penso ser isso bem problemático. À título de informação, a própria ciência moderna se utiliza dessas lógicas.

Com base em tudo o que falamos até aqui quero afirmar que há uma lógica também em nossas vidas. Não me detenho aqui a explicitar uma teoria, um modelo ou uma forma, mas uma lógica para se viver. Vejo que a lógica clássica, evidenciando fundamentalmente o princípio da não-contradição, nos expõe a séculos um modo de raciocinar e, mais do que isso, um modo de se portar, pois nos apresenta a Lógica da Vida.

Esta é uma, não no sentido de entre outras, que de outro modo poderíamos chamar de Lógica da Coerência, da Verdade e/ou da não-falsidade. Esta, mesmo sem tantos indícios matemáticos, como aquela, também é clássica. Não faz parte dos modismos de nossos dias. Não faz parte do relativismo exposto de nosso século. Não é para todos os gostos, mas para o bem de todos.

Atentemos, portanto, a coerência
A suficiência de ser o que se é
De não querer camuflar o ser
Em detrimento do querer

A Lógica da vida é esta da não-contradição
Que anda na contramão
De um mundo contraditório
Que diz ter razão quando nem sequer estende a mão

Pensemos na Lógica da vida
Busquemos a comunhão
Olhemos para o lado
Pois ali tem um irmão.

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