20 de dezembro de 2007

Epistemologia


No que concerne a epistemologia, três conceitos e/ou elementos envolvem fundamentalmente a concepção tradicional do conhecimento. São eles: a crença, a verdade e a justificação. Pois bem, vamos entender cada um deles.

Crença

Etimologicamente deriva do termo credentia. Nada mais é que atitude pela qual afirmamos, com certo grau de probabilidade ou de certeza, a realidade ou a verdade de uma coisa, embora não consigamos comprová-la racional e objetivamente.

Na concepção tradicional do conhecimento é, especificamente, um tipo de atitude proposicional, isto é, não se trata de crença no sentido religioso, mas sim, conota a idéia de opinião. Como visto, chama-se atitude proposicional pela composição da relação psicológica (em questão) e pelo objeto proposicional. É importante entender, numa linguagem mais popular, que proposição é, basicamente, uma idéia central ou um significado central que está sendo proposto em determinada sentença.

É importante lembrar que foi a partir do momento que se entendeu “crença” como entidade lingüística que se permitiu formular o problema do conhecimento de forma mais objetiva. Como resultado os enunciados se tornaram eventos públicos.

Devemos ainda salientar, antes de encerrar as questões em relação à crença, que, sendo ela representativa, não devemos confundi-la com a atribuição de crenças, pois como sabemos a atribuição de crenças é um procedimento pragmático onde, não havendo o cuidado necessário, o ser acaba não só atribuindo crenças a determinada pessoa, como também, acreditando que de fato tal pessoa tem e possui essa crença. No entanto, isso, na maioria das vezes, será um tanto precipitado e, conseqüentemente, falso.

Existem alguns outros fatores que poderiam ser discutidos referentes às crenças, mas com base no que já abordamos, podemos concluir que as crenças, como condição necessária para o conhecimento, devem ser entendidas, basicamente, como atitude proposicional, como falamos no início. Enfim, é essa tendência do ser em concordar, de alguma maneira, com uma proposição determinada.

Verdade

Outro conceito extremamente importante no que se refere a epistemologia é a verdade. O que é a verdade? Esta é a pergunta, não nova, que deve ser feita. Com base no que já falamos a respeito da crença podemos dizer que a verdade pode ser vista, meramente, como correspondência, ou seja, verdade é, nesse sentido, segundo Russel e Wittgenstein, uma relação de congruência. Devemos entender congruência na relação correspondente que deve existir entre uma proposição e o estado de coisas que existem no mundo. Se houver correspondência, isto é, se de fato a proposição estiver mencionando o que há, realmente no mundo, tal proposição será considerada verdadeira, do contrário, será considerada falsa.

É necessário entender que a idéia de verdade como correspondência convive com o problema de supor o acesso a um estado de coisas que independa de qualquer descrição, o que não é apoiado por todos.

Os pragmatistas Wiliam James e John Dewey defenderam que uma afirmação, seja ela qual for, só é verdadeira se for útil de um modo determinado. É possível notar que esse entendimento pragmático do que é a verdade é também relativista. Basta pensarmos ou lembrarmos que a idéia do que é útil, isto é, a utilidade varia de cultura para cultura, de pessoa para pessoa. Como então imputar utilidade nesta ou naquela afirmação. É extremamente complicado!

Portanto, faz-se necessário compreender verdade com base em ambas teorias, seja como correspondência seja como coerentista ou pragmatista. Entretanto, não esquecendo dos problemas que cada umas das teorias também nos revela. Enfim, como muitos filósofos podemos também elucidar que a “busca da verdade é efetivamente uma busca de objetividade”.

Justificação

Finalmente é imprescindível analisar também a justificação epistêmica. Sendo ela a terceira condição necessária para o conhecimento é preciso ser vista e analisada com base naquilo que já afirmamos a respeito das crenças e da verdade.

Há dois tipos de justificação: a indutiva e a dedutiva. A indutiva ocorre quando uma proposição justificativa não traz em si de modo claro o que ela justifica. A dedutiva ocorre quando uma proposição justificativa traz em si o que ela justifica.

Quanto a justificação existe um sério problema, da regressão. Os céticos afirmam veementemente que “não há justificativa alguma para crer em qualquer proposição que impliquem a existência do mundo exterior”. Os epistemólogos contemporâneos, entretanto, oferecem algumas soluções para o problema.

Primeiro, o infinitismo epistêmico, que defende que mesmo a regresso sendo infinita não é suficiente para anular o caráter justificativo das proposições em questão.

Segundo, o coerentismo epistêmico, que entende que toda justificação depende de um sistema de crenças, onde a justificação não é linear, mas sim, circular.

Terceiro, o fundacionalismo e o confiabilismo epistêmicos, onde, o fundacionalismo afirma que algumas crenças não necessitam de justificação, pois são fundamentais; e o confiabilismo afirma que os processos confiáveis de formação de crenças conferem a justificação epistêmica.

Concluindo, o contextualismo epistêmico, onde em qualquer contexto as pessoas envolvidas pressupõem a aceitabilidade de certas proposições como pontos de partidas para sua investigação.

por: Douglas Weege

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