É
verdade que não é de hoje que o povo se deixa levar por diversas falácias no
que concerne a vida religiosa como um todo. Por isso, quero nesta reflexão
chamar a atenção para o contexto em que estou inserido, isto é, o brasileiro.
O Brasil é reconhecidamente um país cristão, mesmo havendo nas próprias igrejas, que se dizem cristãs, elementos que não chegam nem perto daquilo que o próprio Cristo ensinou e evidenciou através da sua vida.
O Brasil é reconhecidamente um país cristão, mesmo havendo nas próprias igrejas, que se dizem cristãs, elementos que não chegam nem perto daquilo que o próprio Cristo ensinou e evidenciou através da sua vida.
Mas o grande problema é, de fato, a
falta de senso crítico no contexto eclesiástico. A ausência da crítica
possibilita tudo, sejam falácias, heresias e, até mesmo, a condenação e/ou
demonização de pessoas inocentes, como já foi visto ao longo da história.
Refletindo sobre isto percebo, assim como muitos devem perceber, que falta ao contexto eclesiástico brasileiro o básico. Falta um estudo individual e coletivo comprometido com a verdade em relação aquilo que chamamos de sagradas escrituras. Temos em nossos dias interpretações grotescas de certos textos. Pior do que isso, temos a adoção dessas aberrações hermenêuticas por uma multidão de pessoas que sequer leem o texto. A falta de senso crítico, ocasionada pela alienação completa, pode levar uma multidão de pessoas a viver uma religiosidade e/ou espiritualidade vã e fantasiosa.
Chamo de religiosidade/espiritualidade
vã e fantasiosa aquela que simplesmente não existindo não gera qualquer
sentimento de perda ou desconforto por parte do contexto em que esta estava
inserida. Embora não proclame um viver religioso, mas sim um viver novo, é evidente para a minha pessoa e tantas outras
que existem religiões que, ao menos, proporcionam a certas pessoas uma mudança
em suas vidas, bem como, um sentimento de perda, caso ela deixe de existir.
Alguns poderiam questionar e
relativizar dizendo que toda e qualquer forma de religião e espiritualidade deve
ser respeitada, não sendo de nenhum modo classificada como uma religiosidade vã
e fantasiosa. Bom, é justamente isto que defendo e quero fortalecer nesta
reflexão. Pois minha crítica reside no fato de seguidores dessa ou daquela
religião, igreja ou crença não serem coerentes com os seus próprios
ensinamentos sagrados. Neste ponto, quero me deter, como já mencionei, apenas
no contexto eclesiástico brasileiro, reconhecidamente cristão.
Pois bem, falta um senso crítico
mais apurado no contexto eclesiástico brasileiro. Basta vermos as igrejas,
ditas cristãs, que estão na moda em nosso país. Vemos muito pouco dos
ensinamentos de Cristo nelas. O que nos salta aos olhos é uma espécie de
nazismo e fascismo religioso, onde o tal líder, seja ele bispo, pastor,
apóstolo, etc. é autoridade absoluta, possuidor e detentor da verdade,
infalível, etc. Torna seus seguidores meros seres automatizados para seguir sua
crendice. Existe uma cegueira quanto ao que o dito cujo faça ou venha fazer. O
ditado popular “faça o que eu digo, não
faça o que eu faço” é o lema e o grito popular de um povo que anseia por “pão e circo”. Para não ficar sem o show
semanal da fé adere-se a cegueira e alienação completa dizendo amém, sem nenhuma reflexão ou
questionamento, para o que o ungido
do Senhor acaba de mencionar. Se o tal ungido
vier a “revelar” com convicção sobre determinada benção, que na maioria das vezes é sempre material, arrancará de
sua platéia um glória a Deus, aleluia e
outras coisas mais. Infelizmente a negligência para com o texto revelado é tão
grande a ponto de aqueles que buscam serem coerentes com as sagradas escrituras
através de dedicado estudo e pesquisa serem rotulados como “pessoas que se
entregaram a palavra em detrimento do espírito”.
Nada melhor para os sem qualquer
moral e vergonha do que o sublime verso: “...Não
toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas”. De fato, deve-se
destacar dois aspectos destes que precisam arrancar diversos textos de seus
respectivos contextos: a imensa soberba e a coragem de se declarar falsamente o
que não é! Basta uma simples reflexão para trazer a memória quem são e como
viviam aqueles que eram tidos como ungidos do Senhor. Se pensarmos nos profetas
do Antigo Testamento perceberemos que a vida que tinham era bem diferente da que
muitos “interlocutores” de Deus de nossos dias. Não exigiam tudo do bom e do
melhor se dizendo filhos do Rei, como vemos por aí. Mais do que isso, tinham a
ousadia de pronunciar a quem quer que fosse a podridão em que o povo estava
inserido. Viviam por Deus e para Deus.
Mas deixando essas sem-vergonhices
de lado, desses que hoje em dia visam apenas o lucro, é imprescindível
chamarmos atenção para aquilo que gera todas essas discrepâncias, isto é, a
falta de senso crítico.
Quero com isso (apenas) fazer
notório o apelo que temos, para o bem da própria sociedade e comunidade cristã,
em relação a uma leitura coerente dos textos sagrados, a uma análise respeitosa
e sincera diante daquele que nos pronuncia suas opiniões e a extrema
necessidade que temos de, acima de tudo, viver muito mais do que falar.
Saliento, sem qualquer dúvida, que o
ungido do Senhor não terá problema com suas ou minhas perguntas em relação ao
que fala ou vive. O ungido do Senhor o orienta a analisar se o que ele fala é,
de fato, narrado nas escrituras. O ungido do Senhor não visa o lucro. O ungido
do Senhor está a todo momento disposto a servir. O ungido do Senhor nos leva a
ter um senso crítico transformador, capaz de nos fazer entender dia após dia a
vontade real de Deus e, assim, viver o seu evangelho com coerência, ousadia e
gratidão.
por: Douglas Weege
Realmente vivemos um cenário onde há uma falta de senso crítico das pessoas, acredito que isso é antes de mais nada um problema histórico. Não é de hoje que as pessoas são lideradas por líderes religosos, sem ao menos entender o que a religião, dogma, estatutos ou a Bíblia Sagrada prega.
ResponderExcluirAcredito que no Brasil, isso é um problema não apenas nas igrejas e sim um reflexo de um povo que há muito tempo não questiona, não se expressa e muitas vezes nem procura o conhecimento.
Um outro fator importante, é que hoje as pessoas procuram a comodidade, "pra que estudar ou correr atrás de um conhecimento, se o meu líder ja faz isso por mim?", a Bíblia Sagrada ja dizia "o meu povo perece, por falta de conhecimento". As pessoas procuram um "evangelho" barato, que fale exatamente aquilo que ela espera ouvir, que supra as necessidades dela, não quer compromisso com a VERDADE, mas sim ir na igreja, culto ou seja lá onde for, buscar palavras de agrado, consolo, curas, etc.
Quando olhamos o Novo Testamento da Bíblia Sagrada, vemos que Jesus muito falava em parábolas e os fariseus, senhores da lei, não conseguiam entender, pois não tinham o discernimento do Espírito Santo, acontece que para entendermos a palavra de Deus que é a Bíblia Sagrada, não basta apenas ir a igreja, ouvir os líderes, mas de um encontro verdadeiro e diário com esse Deus. Precisamos primeiro ter um relacionamento com Ele, diálogo, afinidades, para entender a sua vontade, porém muitos querem terceirizar essa parte. Enquanto isso cada vez cresce mais o número de charlatões, falsos profetas, pessoas tentando enganar as outras se auto-denomiando de líder religioso.
As pessoas jamais conhecerão Deus, se não procurarem ter um relacionamento pessoal com ele, somente a partir daí terão um senso crítico, sobre o que é pregado e ensinado por aí.