29 de agosto de 2011

Reprodução & Transformação


"Uma vida não questionada não merece ser vivida". [Platão]

Por que pratico o que pratico? Por que acredito no que acredito? Por que penso no que penso? etc. Essas diversas e, quem sabe, infinitas perguntas que poderíamos fazer a nós mesmos em relação a questões fundamentais de nossa existência nos transfere a um ambiente extremamente particular de reflexão, bem como, a um espaço coletivo/questionador e, sumariamente, construtor. Em outras palavras, tais questões nos permitem fazer uma leitura de quem nós somos e, principalmente, por que somos assim.

 Obviamente, poucos são os que param para se perguntar e/ou pensar a respeito das questões mencionadas, assim como, tantas outras. Fato é que tais questionamentos ou, quem preferir, esta auto-reflexão ou, meramente, o exercício do pensar a respeito de si é pouco atrativo. O que parece ser majoritariamente praticado e "vivenciado" é o deixar que outros pensem por mim. Pior do que isso é a consequência absurda com que a transferência do pensar exerce sobre o indivíduo. Nada é mais repugnante e inaceitável para um ser que possui razão do que deixar que o outro decida por mim sem qualquer questionamento ou pensamento do indivíduo com relação ao decidido.

Este não questionar, pensar e refletir gera, unica e exclusivamente, um ato reprodutor. O indivíduo passa a ser, não somente, o personagem da reprodução, mas, fundamentalmente, o protagonista do reproduzir humano. 

É interessante notar que por uma obra do acaso (ou não) o ser pensa, ou seja, reflete a respeito do particular ou do universal em dado momento e, consequentemente, deixa de reproduzir passando a construir algo exuberantemente "novo", diferente e modificador. Isto porque o exercício do pensar gera no ser uma insatisfação com o que está posto no atual momento em que se reflete. Neste sentido, sempre que há reflexão há mutação. Esta mutação gera, consequentemente, rompimento e transformação. Entretanto, havendo, novamente, uma pausa no exercício do pensar, que necessita imensamente de disciplina para que haja continuidade, há também uma pausa no progresso - no sentido de amadurecimento do ser - individual e coletivo.

A questão que nos salta aos olhos neste século em que estamos é que a sociedade carece dia após dia de indivíduos que venham transformar o meio em que vivem e não apenas reproduzam, de uma forma mais sofisticada, os erros de seus antepassados. Não há, neste sentido, um terceiro verbo a ser conjugado por cada ser humano a não ser os dois já mencionados, isto é, o reproduzir e o transformar. Portanto, cada um de nós conjuga ou um ou outro verbo, não há um terceiro.

O reproduzir nada modifica, ao contrário, contribui para que as coisas postas se fortaleçam ainda mais com o passar do tempo. O transformar gera modificação, ou seja, fortalece o exercício da reflexão e, desta maneira, possibilita a construção de uma sociedade em que os indivíduos irão, conjuntamente, construindo um estilo de vida embasado em fundamentos muito bem pensados. Essa construção cotidiana permite que a sociedade  reforme e/ou reformule os aspectos da vida humana como um todo, ou seja, é através do exercício do pensar que os erros podem ser corrigidos e que a sociedade pode ir se aproximando do ideal de vida em comunidade.

Obviamente, o que tem sido mencionado até aqui merece muitas linhas e páginas para ser melhor explorado e esclarecido, entretanto, o apelo evidente é para que tenhamos um estilo de vida que gere mudança, que possibilite a transformação do meio em que estamos inseridos e, principalmente, ocasione a melhoria de vida para a sociedade como um todo.

por: Douglas Weege

Um comentário:

  1. Com certeza devemos conjugar o verbo transformar, porem penso o mesmo de uma óptica um pouco diferente: "Penso logo existo" (René Descartes), e por vezes, há pessoas que outorgam sua responsabilidade de pensar transformsndo, para outros que não transformam, negligenciam, e até outorgam â terceiros.
    Talvez devessemos atentar para uma espécie de alarme natural que nos acuse quando estamos pensando em outorgar nosso dever de transformar cada um sua realidade, para assim transformarmos o mundo. (isso não vai dar certo, HAHAHA!)

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